Capítulo 96: Carta de uma mãe a seu filho gay (A Viagem III - Parte 5)

"Como esquecer quem você é?  Você cresceu dentro de mim, ali se desenvolveu, mexeu e me tocou. Você nasceu do meu ventre. Impossível esquecer.

Eu consigo me lembrar destes momentos. E você ainda depois de maiorzinho, me chamando sempre que precisava de abrigo. Como te esquecer?

 

Eu sei naquele dia fui egoísta, não pensei na tua dor. E por um instante me esqueci de ser abrigo e conselheira. Agi pelo impulso de minha dor.

Perdoa-me pelas duras palavras. Eu jamais desejaria sua morte realmente. Você jamais morrerá para mim, estamos pra sempre ligados um ao outro. Levarei-te comigo sempre.  A verdade prefiro meu filho vivo, mesmo que com outro rapaz, do que morto por ai. Às vezes dizemos palavras que ferem, mas nem sempre significam que foram de coração. Eu também sinto sua falta, sinto falta do meu menininho.

Sinto falta de te pegar nos braços, igual quando era pequenino. A verdade é que para uma mãe os filhos nunca crescem. Elas sempre os vêem como seus bebes, e isso torna tão difícil de ver a independência e autonomia que vocês tomam ao crescer.

Eu te amo meu filho, amo tanto, que faria loucuras por ti. Loucuras que nem pelo teu pai eu faria. Amo-te do seu jeito, com seus defeitos e qualidades, enfim... Amo-te.

Fiquei desnorteada quando te vi com outro rapaz aos beijos, me enfureci, fiquei sem chão. Tive medo.  Sempre desconfiei, mas preferi acreditar que era só coisa da minha cabeça, afinal qual mãe espera algo assim de seus filhos, por favor,  me entenda. E não me julgue, porque não irei de julgar, prometo.

A gente vê tanta maldade que fazem com pessoas como você, este preconceito violento e mascarado que só protegem os mais favorecidos, enquanto que muitos outros gays sofrem diariamente com as indiferenças, exclusão no trabalho e escola... Isso quando não estão apanhando pelas ruas ou sendo mortos. Deus te livre destes males meu menino.

Eu só quero o melhor para você meu filho, sua felicidade... mesmo que custe a minha... Eu daria minha vida mil vezes por você se preciso. Não quero que meu filho seja motivo de piada. Nem quero te perder. Nem quero te ver infeliz... me endente?

Jamais, te desejaria sendo um criminoso, um monstro violento... Tenho orgulho de quem você é. Eu sei, te mandei para a casa de tua tia... Mas é porque eu precisava pensar, refletir. Eu também te peço: entenda minha angustia, meus medos e receios.

Basta olhar pro mundo do jeito que está, com doenças, drogas e outros absurdos.... isso me amedronta, pois me preocupo com você. Hoje ouvi jovens conversando e usavam termos novos e refleti o que eles falaram: “a maioria das pessoas do mundo está vivendo um momento de Fast-Foda”... O sexo ficou fácil e todo mundo se esqueceu de que sentimento se constrói a quatro mãos. Igual na minha época, onde os amores duravam por longos anos.

E me perdoa, sua mãe está aqui de braços abertos esperando o seu retorno. Quero voltar ao que éramos antes: amigos, mais do que mãe e filho.

Nos últimos tempos nos afastamos pelos segredos, mas quero que a verdade hoje nos aproxime.

Não concordo com suas escolhas, mas as respeito. Só te peço que me respeite também ao trazer seu namorado pra casa. Sejam discretos, até eu me acostumar, tudo bem? Não vou tentar te mudar, mas rezarei para que a felicidade transborde todos os teus caminhos. Pois é o mínimo que uma mãe pode fazer.

Eu te amo e sempre vou te amar. E te peço, volta pra casa, sua mãe te ama.

Te amo, sempre meu Filho....nem a morte poderá nos separar.

Pois nossa alma esta unidas para sempre. Volte para meus braços e me perdoa . Você é e sempre será MEU FILHO”.

  

Ela escreveu-me esta carta simples então... Se a conheço bem, foi difícil de escrever. Minha mãe é uma dama, porem muito reservada. Nunca foi de dar muitos beijos e abraços, porém sempre foi precisa. Sim éramos amigos, mas desde que me descobri gay... Me afastei dela por medo dela perceber... ou me condenar.

Ela me pegou no fraga, foi um choque para ela. Ma ao receber esta carta percebi que mãe é sempre mãe. Ela ainda me amava. Isso alegrou meu coração.

Passou um mês e eu retornei para casa. Meu pai? Ele quase nunca está em casa, então nem se preocupou em saber o que rolava na família.

E foi assim que tudo aconteceu, foi assim que minha mãe soube de mim. Ela  não agia de toda a vontade nos primeiros meses, mas depois de um tempo voltamos a ser grande amigos novamente.

À todas as mães que tem filhos gays e os acolhe, e a todas que entendem o que nós passamos.... mesmo sem ter filhos gays.... e principalmente a MINHA MÃE E RAINHA...

Um FELIZ E ABENÇOADO DIA DAS MÃES!!!

TRILHA SONORA DO POST: Escute todas, vale a pena!

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3ª Temporada:

Capítulo 1 e 2 - "Quando você Partiu" (VEJA AQUI).

Capítulo 3 - "A Grande Festa" (VEJA AQUI).
Capítulo 4 - "Carta de um Gay para sua Mãe" (VEJA AQUI)

1ª e 2ª Temporada:
Todos os Capítulos: CLIQUE AQUI.

Abraço a todos...

BY ME S2 (S-FCSP)

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