Lembro-me
de estar sentado, fazendo nada, apenas devaneando. Sabe quando a gente se pega
olhando para um ponto e no fim você nem está realmente olhando-o, está com a
cabeça em outro lugar. E este anjo na forma humana entrou pela casa com aquela
jaqueta velhinha, marrom ou amarela meio esverdeado e dentro um forro xadrez
meio verde com branco e azul, que ele gostava tanto. A sala estava sendo
iluminada por um abajur. Então ele me deu um embrulho de papel bonito, eu abri
e lá estava um diário simples de folhas meio amareladas, para não cansar a
vista – dizia ele – e junto do diário um bonequinho de pelúcia que cabia na
palma da mão. Era um homenzinho de neve, ele sabia que eu amava estes mimos. Olhei
em seus olhos e meu coração sorriu. Sei que ele pode perceber isto, pois minha
face transpareceu a alegria interior. Não era um simples bonequinho de neve,
era um gesto de amor, de compreensão, de cuidado... Gesto este que mal se vê
hoje em dia. E eu interpretei aquele gesto dele como uma forma dele dizer que
eu precisava libertar-me do passado congelado no meu coração, e transpor toda
esta vida em papel em história, e desta forma seguir feliz e em frente.
Ele
se agachou na minha frente, eu estava sentado no sofá de uma única poltrona; a
luz era baixa, segurou minha mão e me dando um beijo no rosto ele me disse:
–
Agora você não precisa mais guardar cartas, bilhetes, fotos ou qualquer outro
papel para construir um recorte do que é o nosso amor. Sei que você gosta de
escrever, e bastante – ele sorriu e baixou a cabeça como sempre fazia em sua
timidez – então esta é a oportunidade de você escrever toda sua história, ou
melhor, a nossa história. Eu sei, haverá outras também, pois você não irá
esconder seu passado, e nem quero isso. Acredito que escrevendo sobre o que
passou você se libertará dos fantasmas de outrora e aprenderá mais sobre si
mesmo... E se deixar de escrever deixará de ser um diário, não é mesmo? – e
sorrindo novamente, com os olhos brilhantes continuou – Mas que a nossa
história nunca falte, e que nunca seja esquecida. Tenho certeza que isso te
fará relaxar, e aliviar esta cabecinha fértil – E então, ainda sorrindo, me fez
um carinho no rosto (...).
Foi
assim, como você que me lê já deve saber, que tudo começou... como este diário
começou. Hoje velho em minhas mãos, mas ainda sinto pulsar como as batidas do
meu coração. Ainda me lembro do Olhar do Cadu, ali presente na minha frente me
olhando. Foi assim que decidi escrever sobre minha história. Tem gente que prefere
escrever a luz da dor, eu prefiro escrever a dor de uma forma diferente. Aliás,
nós temos a escolha de ver a vida de forma triste ou poética. Eu acredito que
podemos escolher a maneira que contamos as histórias alegres e tristes,
principalmente esta ultima. Eu as transformo em poesia, para aliviar a pena...
Como uma musica que acalma a alma após a tempestade. Gosto desta minha versão
da vida... e é assim que eu a conto. Porque a final, ela é a minha vida!rs
(...)
Aqueles dias se passaram tão rápido. E eu sempre distraído, preocupado com os
negócios, nem percebia a vida se esvair no tempo que preenchemos com tantas
coisas. Como todos do mundo faz, hoje é um mês e amanhã seis meses depois, e
nós dizemos: como passou rápido, parece que foi ontem! São as coisas consumindo
nosso tempo e vida.
(...)
Foi então que numa manhã acordei, do meu lado estava um bilhete branco escrito
a caneta de tinta azul. Nele um recado: “É hoje, só eu e você... antes que o
sol se ponha, estarei à beira mar te esperando... naquele mesmo lugar de sempre,
naquele mesmo horário... não falte, será importante! Você confia em mim?”... eu
sorri, aproximei o papel até meu peito, fechei meus olhos sorrindo, me joguei
no travesseiro e ainda com os meus olhos fechados fiquei a pensar nele,
enquanto o sol invadia a minha janela iluminando minha face e meu quarto. Volto
a abrir os olhos com muita felicidade silenciada por um sorriso mudo, beijo o
bilhete... seu cheiro está ali.
(..)
eu cheguei a praia, o sol estava quase no fim. Havia pegadas com corações por
toda parte, porém elas me levavam por um único caminho. Nem consegui esconder
meu sorriso de surpresa e paixão. Fui caminhando até onde elas em levavam. O
dia tinha gosto de algodão doce, as luzes eram azul e branco, apesar do sol
refletir seu brilho amarelo entardecer. Havia uma entrada de caverna, na
entrada uma placa com a letra dele dizendo: “Você confia em mim? Então vá até o
final da caverna”. Eu sorri, balancei a cabeça como se dissesse “maluquinho”,
não hesitei, entrei por ela. Ele chegou por traz de mim no escuro e me vendou
os olhos com uma das mãos enquanto a outra segurava meu braço na altura do meu
ombro, e foi logo dizendo: “Não tenha medo, sou eu”. Eu havia o reconheci pelo
toque antes mesmo de ouvir sua voz. Seu corpo grudou atrás do meu, eu podia
sentir o calor de sua pele, assim como sua barba, começando a crescer, a roçar
meu pescoço e sua respiração quente a me arrepiar. “Não abra os olhos” – Ele
insistiu. E delicadamente deslizou suas mãos, ainda por traz de mim, até as
minhas mãos, pude sentir o prazer dele ao sentir meu corpo naquele curto espaço
de tempo. Tão homem, tão doce, tão gentil e delicado. Depois ainda segurando
minha mão direita ele passou a minha frente para me guiar como um anjo, que ele
era, até o fim da escuridão, para me guiar até a luz. Eu ainda sorrindo
tremulo, por andar sobre pedras, com alguns passos em falso o disse:
–
E se eu cair?
–
Estarei aqui por toda a vida a te segurar – Respondeu ele.
–
Sério? E se eu me perder no caminho?
–
Não deixarei, eu te seguro pelas mãos. Eu te guio.
–
E se o caminho ficar mais escuro do que já esta?
–
Confia em mim, e eu serei seus olhos no escuro, ouça apenas o som da minha voz.
–
E se eu não conseguir te ouvir? – disse eu a ele, sorrindo.
–
Eu farei com que o som das batidas do meu coração por você te leve ao caminho
certo. Consegue ouvi-lo?
–
Sim! Mas e quando nenhum de nós enxergarmos mais o caminho e se nos perdermos?
–
Não tenhais medo. Eu sempre estarei com você. Mas se um dia nos separarmos e
nos perdermos, confia: Não importa aonde vais, se nascemos realmente um pro
outro, sempre nos acharemos novamente... sempre! Acredita nisto?
–
Com toda a minha alma! – E então eu sorri e continuei me deixando ser levado
por aquela doce mão.
Acontece
que não era uma caverna longa, e pouco a frente um paraíso existia. Ele
levemente soltou minha mão, eu pude sentir seus dedos deslizarem pelos meus.
Então um pouco distante de mim, ele me disse: “Pode abrir os olhos”! E eu
parado na saída da caverna abri os olhos vagarosamente. Eu nunca tinha
encontrado aquele lugar, era lindo. Um pedaço de praia paradisíaca, e nela,
escondido pelos raios do sol, estava meu amor me admirando com um sorriso.
Sua
imagem ia ficando mais nítida a medida eu me aproximava dele. E ali na sua
frente eu o olhei dos olhos à boca, da boca aos olhos rapidamente, e então nos beijamos
apaixonadamente. Enquanto seus braços em envolviam fortemente eu acariciava seu
rosto ao beijá-lo.
Então
ele parou de me beijar e começou a sorrir daquele jeito que só ele fazia. E me
disse: “Tenho uma surpresa pra você!” Neste instante o sol começava a se por.
Então ele ainda de costas pro por do sol, me virou pra saída da caverna que
agora nos servia de entrada, e nas pedras acima da entrada da caverna uma faixa
que dizia: “Por tudo o que você representa na minha vida, por tudo que quero
viver ao seu lado; eu te peço:...”. Eu estranhei que a frase não tinha um fim,
somente dois pontos. E ao me virar pra ele para questionar sobre o pedido, me
deparei com ele de joelhos. Ele então estendeu as mãos com uma aliança
iluminada e reluzente pelo por do sol, terminando a frase: “Casa comigo?”.
Eu
sorrindo, sem reação alguma simplesmente chorei de felicidade. Então eu disse:
–
Sim! – Eu respondi.
–
Sim? – rapidamente ele se levantou sorrindo, muito feliz e aproximando seu
rosto ao meu.
–
Sim meu amor, eu digo sim!
–
Hoje eu sou o homem mais feliz do mundo: te amo!
Então
ele chorando também, e ao mesmo tempo sorrindo de felicidade me abraçou bem
forte. Ergueu-me ao alto, me olhou sorrindo... E ao tom e som dos últimos raios
de sol a se esconder pela noite, ele me olhou nos olhos, bem no fundo dos meus
olhos e por fim me beijou!
Continua na próxima temporada...
Trilha sonora deste Post:
Adoro Você (Adore You - Miley Cyrus)
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3ª Temporada:
Capítulo 1 e 2 - "Quando você Partiu" (VEJA AQUI).
Capítulo 5 - "Carta de uma Mãe a seu filho Gay" (VEJA AQUI)
Capítulo 6 - "Antes da dor - Meu Diamante" (VEJA AQUI)
Capítulo 7 - "A 1ª Carta" (VEJA AQUI)
Capítulo 8 - "A 2ª e a 3ª Carta" (VEJA AQUI)
Capítulo 9 - "Estradas Rompidas" (VEJA AQUI)
Capítulo 10 - "A Revelação" (VEJA AQUI)
Capítulo 11 - "Ao seu Lado" (VEJA AQUI)
Capítulo 12 - "A Última Carta" (VEJA AQUI)
Capítulo 13 - "Não Desista do Amor: Um Adeus" (VEJA AQUI)
Capítulo 14 - "Em seus braços" (VEJA AQUI)
Capítulo 7 - "A 1ª Carta" (VEJA AQUI)
Capítulo 8 - "A 2ª e a 3ª Carta" (VEJA AQUI)
Capítulo 9 - "Estradas Rompidas" (VEJA AQUI)
Capítulo 10 - "A Revelação" (VEJA AQUI)
Capítulo 11 - "Ao seu Lado" (VEJA AQUI)
Capítulo 12 - "A Última Carta" (VEJA AQUI)
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Que legal a historia de vcs... Por favor posta posts mais rapido ta demorando mais que uma semana, wuero saber logo essa historia kkk posta uma foto sua vai?
ResponderExcluirQue legal a historia de vcs... Por favor posta posts mais rapido ta demorando mais que uma semana, wuero saber logo essa historia kkk posta uma foto sua vai?
ResponderExcluirrsrs Obrigado pelo carinho, a serie volta em abril, mas até lá vou postar outras coisas.... desculpe a demora...tive 02 motivos: um era que as pessoas precisavam ver o post pra votar no meu blog para ver se eu chego a final. Sou o único BLOG GLS concorrendo. Então dei um tempinho. Eu também to demorando pois estou me revezando entre escrever o livro do BLOG e escrever aqui. Porque aqui é o resumo do que está no livro. por isso os "(...)". srsr
ExcluirMas prometo não demorar. Posto normalmente aos sábados ou domingos.
Beijo
lindinho :)
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