“Perguntou-lhe, pois, Pilatos: Logo tu
és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso
vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade,
ouve a minha voz. Perguntou Pilatos: Que é a verdade? (Quid est Veritas)” –
João 18:37,38.
"Quid est Veritas?" esta foi a
grande pergunta de Pilatos e que por séculos e gerações tem inquietado muitas
pessoas. Muitos acreditam que nada ele queria com tal pergunta, apenas um deboche;
outros crêem fielmente ser um sinal para se firmar Deus como suprema verdade.
Para mim, nenhum nem outro... e será sobre este tema que iremos refletir nesta
Páscoa de 2013: A verdade!
É
uma reflexão igual as que tenho feito na Páscoa I e Páscoa II (clique nos links
para relembrar), e não pregação, pois isto é um diário e não um blog de
pregação ou homilias. Aqui, tiramos as vendas de uma fé mesquinha, e olhamos
para as maravilhas que Deus é capa z de fazer na vida das pessoas, até na vida
dos homoafetivos, que pra Ele são filhos como qualquer outra pessoa.
Eu já havia refletido sobre isso a luz
de uma adoração, e percebi que a pergunta de Pilatos trata-se de uma exclamação
que nos firma como seres distintos um dos outros, porém amados por Deus. E que cada um e detentor de uma verdade, e
que todas essas verdade chegam até uma única verdade no final, mas para que
isso aconteça é necessário você viver a sua verdade, e tomar decisões sobre
ela.
É certo que nunca compreenderemos tudo; a
própria bíblica através de Paulo falando sobre o homem dos últimos tempos
escreve: “aprendendo sempre, mas nunca
podendo chegar ao pleno conhecimento da verdade.” E ainda – II Timóteo 3:7; “Por mais que avancemos no conhecimento de Deus sempre
haverá mais e mais, eternamente”. Ou seja, até a palavra nos adverte que
simplesmente nos contentar um uma resposta absoluta de que Deus é a verdade e
ponto final, é insuficiente. Porque a verdade é um processo, igual ao da
libertação: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Tem que ser
vivido (o conceito de “liberdade” trabalhamos na Páscoa II).
Deus e a verdade absoluta, ou seja, a
verdade sobre todas as outras, o ponto final, a ausência da mentira, das
enganações e do incerto... a Ele todas as demais verdades desembocam, assim
como os diversos rios desembocam no mar... Ele é a verdade que liberta, Jesus
veio dar testemunho deste Deus que é verdadeiro... E quando Ele diz que veio, ou
seja, que sua missão era viver e falar desta verdade, Ele se coloca
individualmente distinto dos demais... Ele expõe a Pilatos a sua verdade. Não
de modo que Pilatos a aceite, mas de modo que Pilatos tome conhecimento, pois a
verdade dele é o que o constitui. Mas Pilatos também tinha ordens a cumprir ou infringir...
E ambas acarretavam o peso de uma escolha, de um caminho, de uma verdade, de
uma conseqüência. Cada um de nós tem sua própria verdade, nosso próprio caminho
(que pode ou não ser bom), porém ao fim de nossa jornada, todos desembocarão,
chegarão à presença da verdade maior: Deus onisciente, que não pesa atos,
sexualidade e nem palavras, mas corações. E não basta só aceitar que Deus é
este ponto final, é preciso entender, para que você aceite sua verdade como
caminho e não como fim. Essa é a amplitude que falta em muitos que somente vêem
lado “Deus” da história e esquece o lado
“Humano”.
Mel Gibson percebeu certamente isso,
tanto que no seu filme, “A Paixão de Cristo”, ele faz Pilatos dialogar com sua
esposa Claudia o seguinte:
“–
O que é a verdade, Claudia? Tu a ouves, reconheces quando alguém a diz?
– Sim, eu ouço – responde ela – Tu não?
– Como? Podes me dizer?
– Se não queres ouvir a verdade, ninguém
pode te dizer.
– Verdade... Quer saber qual é a minha
verdade, Claudia? Tenho levado 11 anos sufocando revoltas nesta província asquerosa.
Se eu não condenar este homem, sei que Caifás vai começar uma revolta. E se eu
não o condenar, os discípulos dele é que vão começar. Seja como for, vai jorras
sangue. César me alertou, Claudia. Duas vezes. Ele jurou que da próxima vez o sangue
seria o meu. Essa é a minha verdade”.
Percebe? Um ex-drogado que hoje serve a
Deus na igreja, por exemplo, qual é a verdade dele? A verdade dele não é Jesus
unicamente, mas sim todo o processo, todo o caminho, todas as renuncias e até
escolhas que ele fez até chegar à verdade final.
Por tanto não importa o caminho que tens
tomado, não importa quais renuncias e escolhas você tem feito... O mais importante
é aceitar-se como um ser portador de uma verdade. Verdade esta que sempre lhe
possibilitará outras verdades ou outras enganações (caminhos errados, erros
tomados, verdades contrarias), mas só você pode decidir... Porém sua verdade só
é verdade quando ela te leva a Verdade final, e advirto, se sua verdade te
levar para outros caminhos... saiba... Até essas verdades contrarias um dia
chegarão a Deus. Não tem como escapar. Você só terá de decidir por viver bem ou
viver mal a sua verdade.
Sou homoafetivo como você, esta é minha
verdade... Não mato, não roubo, não prejudico ninguém... pelo contrario, amo meus
pais, faço o bem as pessoas... Amo a Deus sobre todas a coisas e presto a Ele o
meu louvor... não sou católico e nem evangélico... sou com muito orgulho
Cristão! Faço caridade porque gosto de ver as pessoas felizes; e oro por que acredito
na força da minha oração... e não tenho ficado 1 só dia sem resposta... vivo da
providencia porque creio que Deus cuida de mim... amo outro homem, porque é
este sentimento que hoje tenho dentro de mim. Trabalho, estudo e me divirto com
amigos (não escandalizo, apenas me divirto como qualquer outra pessoa sã e normal
pode se divertir)... Por fim me deparo cotidianamente com Pilatos que
questionam a minha verdade. Talvez por não acreditarem na minha ou por só enxergaram
a suas próprias verdades!
Por vive-la sou cotidianamente, maltratado e
humilhado, pois o preconceito é a minha cruz. Por ela sou condenado a morte por
aqueles que não a entendem, ou não querem entender. Mas ao fim da minha “Paixão
dolorosa”, eu creio que diante da Verdade final (Deus) eu receberei a minha
salvação, eu encontrarei amor e abrigo. Porque Deus me ama como sou e conhece o
meu coração... E conhece o seu também, que vive uma verdade como a minha. Basta
ser bom! Basta amar e amar bastante... até transbordar a taça da sua vida.
Basta viver a ressurreição, a Páscoa... pois a medida que morremos para a
hipocrisia e renascemos para o amor.... Esta será a medida de nossa verdade. E
a verdade é o verbo, e o verbo é Amor. E se o amor te leva à cruz diária,
confia e aguenta firme, pois foi nesta mesma cruz que um amor maior se imolou
por mim, por você e por todos. Um amor que se doa e te diz todos os dias: És
precioso para mim!
Quem compreende, se liberta das amarras
das mentiras e do julgo... Quem ignora se prende nas suas verdade cegas e
contrárias. Mas se a verdade nos liberta, o amor nos faz novos!
E se meu erro é amar de forma diferente,
saiba... Antes amar com verdade do que viver uma vida inteira se enganando
sobre a verdade e as multifaces do amor!
A todos uma Feliz e verdadeira Páscoa, que a verdade de um amor incondicional encha o teu
coração de esperança, e de alegria. Pois foi para seres livres que Ele se
entregou na cruz. Foi para que você pegue essa sua verdade e o com ela chegue
até Ele, que ele se doou. Faça sua parte... Saia do sepulcro... Ressuscita-te!
Um presente: O filme completo "Paixão de Cristo"
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